fonte: Saúde Business

Uma série de operações de M&A no mercado de saúde colocou este setor em destaque nos últimos anos. E tudo indica que elas não devem parar tão cedo, sejam motivadas por expansão geográfica, ampliação de escopo serviços, incorporações de novas tecnologias ou redesenho do modelo de negócios.

Em 2021, foram 54 aquisições, que movimentaram entre R$13 e R$15 bilhões. Os grupos responsáveis pelo maior número foram a Rede D’or São Luiz, que assumiu o Hospital Biocor, em Belo Horizonte, e o Hospital Nossa Senhora das Neves, na Paraíba, num total de 10 aquisições; e o grupo Dasa, também com 10 aquisições, incluindo o Laboratório de Medicina, na Argentina.

Esse movimento deve seguir forte em 2022. João Paulo Cavalcanti, economista e sócio-fundador na L6 Capital, especializada em fusões e aquisições, explica que ainda existem muitos gargalos no setor. “Há uma fila enorme de pacientes desassistidos, negócios mal estruturados, pressão das operadoras para reduzir custos e um gasto per capita anual muito baixo. A boa notícia é que o mercado está atento a isso e se posicionando para criar soluções para esses problemas”, comemora.

Um exemplo disso é a megafusão da NotreDame Intermédica com a Hapvida, que nesta terça-feira, 04, foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). As duas empresas, que combinadas representam um valor de R$83 bilhões na atual cotação, abrigam diferentes regiões do país, o que aponta uma provável expansão através de aquisições.

Na B3, há hoje outras empresas de saúde que estão entre as 10 maiores do país em valor de mercado. Alguns dos principais nomes que abriram capital recentemente incluem Mater Dei, Kora Saúde, Dasa, Oncoclínicas e a já citada Rede D’or, que ingressou na bolsa em dezembro de 2020 com o terceiro maior IPO do Brasil.

Diante deste cenário, é possível fazer algumas apostas com segurança. Fernando Kunzel, também economista e sócio-fundador na L6 Capital, analisa que algumas regiões do país podem ser palcos de destaque. “Sob a perspectiva de região, o Sudeste segue sendo uma região importante e de muito interesse para o mercado. O Nordeste também tem apresentado companhias como alvo de aquisições, dado que é uma região que, com incremento de renda, tenderá a consumir ainda mais os serviços de saúde”, afirma.

Além disso, Kunzel indica Belo Horizonte como uma região de possível disputa entre os players de saúde. “No ano passado, nós acompanhamos duas aquisições realizadas pela Rede D’or e outras duas pela Mater Dei. A Unimed, que é extremamente forte na região, deve começar a se mexer neste ano, com objetivo de não perder market share”, aposta o especialista em Fusões e Aquisições.

Alguns segmentos de saúde, como os tradicionais planos de saúde, também devem ditar as tendências para o novo ano. “Este segmento possui diversos desafios, como a complexa regulação, mas os planos de saúde são ainda uma alternativa presente e consistente na vida dos brasileiros, com quase 25% da população coberta pelo serviço. Os hospitais de olhos também estão mostrando grande potencial, com grandes players como a XP Investimentos e o Grupo Opty, que estão com caixa para prosseguir com as aquisições”, garante João Paulo Cavalcanti.

“Outro destaque vai para a medicina diagnóstica, que passa por ondas de consolidação há mais de uma década, mas continua com apetite e espaço para aquisições, a exemplo da Fleury que vem fazendo aquisições de laboratórios no Sudeste e Nordeste. Outra aposta para o futuro é o segmento de home care, que possivelmente cresceu ainda mais por conta da pandemia”, completa o sócio-fundador da L6 Capital, Fernando Kunzel.